O ex-presidente Jair Bolsonaro foi questionado, em depoimento nesta terça-feira (10), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se já havia sido preso durante interrogatório relacionado ao caso da trama golpista. Bolsonaro deu uma resposta evasiva: “pela Justiça, não”.
O ex-presidente chegou a ser detido por um curto período no fim dos anos 1980, quando ainda era capitão do exército, mas não após responder um processo judicial.
Na ocasião, Bolsonaro publicou um artigo de opinião na revista “Veja”, no qual reclamava dos salários para militares. O texto, intitulado “O salário está baixo”, trazia uma foto 3×4 de Bolsonaro e argumentava que a falta de reajustes salariais causava desligamentos de alunos Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
No artigo, Bolsonaro admitia que a publicação do texto colocava em risco sua carreira militar, mas afirmava que o tema era mais importante.
A publicação, feita sem autorização ou conhecimento de seus superiores, fez com que Bolsonaro fosse detido por 15 dias por infração disciplinar. Ele foi preso no dia 2 de setembro de 1986.
Plano de atentado a bombas
Em outro momento, em 1987, Bolsonaro esteve próximo de uma prisão, mas se salvou. A revista “Veja” revelou um plano de explodir bombas em quartéis e outras unidades militares como reação a reajustes anunciados por José Sarney e para desestabilizar o ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves.
Bolsonaro negou a participação no plano, chamado de “Beco sem saída”, mas a revista apontou que o rascunho do plano foi feito à mão pelo então capitão do Exército.
Após investigação, Bolsonaro foi julgado por uma comissão do Exército, que decidiu a favor de sua expulsão. No entanto, a decisão foi revertida em sessão secreta do Superior Tribunal Militar (STM), alegando que não havia provas suficientes.
Assim, Bolsonaro não foi afastado, nem preso. Ele apenas passou para a reserva em 1988 após ser eleito vereador pelo Rio de Janeiro.