O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou em “perseguição” após depor à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (5) no inquérito sobre seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e comparou o momento à época em que o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estava preso.
“Para mim, a perseguição continua. Meu filho faz nos Estados Unidos, muito pior foi feito no passado, em 2017, 2018, quando Lula estava preso”, disse Bolsonaro.
“O PT em especial rodou o mundo denunciando a justiça brasileira como parcial, como a justiça que estava perseguindo o Lula preso naquele momento. Não tem nada a ver as acusações do Lula no passado com que as que eu sofro nesse momento”, acrescentou o ex-presidente em entrevista coletiva.
Lula ficou preso entre 2018 e 2019 em Curitiba, após ser condenado no processo do Triplex do Guarujá. A prisão foi futuramente revogada por mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), após condenação em segunda instância.
“É uma perseguição no meu entender. Se meu filho estivesse cometendo qualquer ato irregular lá, parte do parlamento americano que ele mantém contato estaria cometendo um crime também”, complementou Bolsonaro.
O advogado do ex-presidente, Paulo Bueno, afirmou aos jornalistas presentes que o cliente não tem “nada a esconder” e que, por esse motivo, decidiu depor, mesmo podendo optar permanecer em silêncio pela condição de pai.
O político do PL também revelou ter enviado R$ 2 milhões para seu filho se manter nos EUA com a família. Segundo ele, foi dinheiro “limpo”, oriundo de doações via Pix feitas por apoiadores.
Inquérito contra Eduardo Bolsonaro
O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro foi uma das ações pedidas por Paulo Gonet, procurador-geral da República, ao ministro Alexandre de Moraes, que relata o caso.
Bolsonaro revelou em entrevistas que estaria ajudando o filho financeiramente no exterior. Segundo o advogado, Paulo Bueno, o ex-presidente foi ouvido em condição de testemunha.
A PGR, por sua vez, suspeita que o deputado licenciado tenta interferir no Judiciário para beneficiar o pai, que é alvo de processos no Supremo.
Ele é réu em ação no STF, apontado como chefe de uma organização criminosa que tentou um golpe de Estado para mantê-lo na Presidência após sua derrota nas eleições de 2022.