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Bolsonaro e Alexandre de Moraes preferiram fazer um dueto ao invés de um duelo

Depois de tanta espera pelo encontro cara a cara de Jair Bolsonaro com Alexandre de Moraes, o que se viu nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) mais parecia uma valsa do que um enfrentamento. Era visível que nenhum dos dois pretendia transformar a atual fase do processo em um bate-boca transmitido ao vivo para todo o Brasil. Mais do que isso: como ninguém queria sair derrotado, os dois jogaram pelo empate.

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O ex-presidente usou o depoimento para reforçar algumas das frases feitas já repetidas inúmeras vezes em lives, entrevistas e nos depoimentos para a Polícia Federal, e assim conseguiu não produzir nenhuma novidade importante – o que certamente fazia parte da lista de objetivos de seus advogados.

E o ministro, que já se fez bem mais duro com réus e testemunhas menos relevantes, dedicou-se a mostrar bom humor e um tom surpreendentemente suave – num mise en scene que visava passar a imagem de um juiz afável e humano, diferente do temido Xandão de todas as horas.

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Embora o ex-presidente tenha dito que não se preparou para o depoimento, ficou evidente que se preparou sim – talvez não da forma clássica, treinando perguntas e respostas com alguém que se faz de inquisidor. Mas quem conhece Bolsonaro sabe que ele não inventou na hora as ironias e gracinhas que fez, incluindo o “convite” a Moraes para ser seu candidato a vice-presidente em 2026.

Entre se mostrar como vítima de perseguição diante de um algoz implacável e ou ostentar tranquilidade para produzir cortes engraçadinhos nas redes sociais, Bolsonaro ficou com a segunda opção. Diante do juiz, não sobrava mais nada da beligerância de quem já chamou Moraes de “canalha” e “vagabundo” em cima de um palanque.

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Além de só se referir a ele como “excelência”, “senhor” e “presidente”, ele ainda pediu desculpas aos ministros do Supremo Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Moraes tinham recebido dezenas de milhões de dólares para fraudar as eleições. “Desculpe, não tenho nenhum indício”, afirmou.

Tal postura não teve a ver com uma eventual esperança de ser absolvido, pelo contrário. Como Bolsonaro tem certeza de que será condenado, sabe que nada do que diga vai mudar significativamente o rumo do processo.

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Do Xandão de outros depoimentos também sobrou pouca coisa. Moraes não só aderiu às tiradas e piadinhas como também evitou confrontar o ex-presidente mesmo quando ele tergiversou – ao afirmar, por exemplo, que não viu minuta alguma, só uma apresentação com os “considerandos”, ou a justificativa do golpe, mas não o decreto em si.

No dia anterior, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou categoricamente que Bolsonaro mandou tirar da minuta a ordem de prisão de diversas autoridades na decretação do estado de sítio, mantendo apenas o próprio Moraes como alvo. Mas Xandão preferiu agir como se não tivesse ouvido nada. Tampouco mencionou o plano do Punhal Verde e Amarelo, e não teve sequer a curiosidade de perguntar se por acaso Bolsonaro esteve com o general Mário Fernandes discutindo um eventual levante contra a posse de Lula – como o próprio general afirmou a Cid em mensagem de WhatsApp.

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Aliados dele no Supremo dizem que não havia espaço para “apertar” os réus com questionamentos, porque nessa fase eles podem mentir ou se recusar a responder. Balela. Os réus não são obrigados a responder, mas o juiz pode perguntar o que quiser, até para deixar patentes eventuais contradições. Há várias formas de fazer isso sem constranger ou brigar com o réu. O próprio Moraes não pareceu se preocupar com isso pouco antes, quando resolveu fazer perguntas “para registro” ao general Augusto Heleno mesmo depois de ele ter dito que não responderia pergunta alguma.

O que vai ficando claro é que à medida que a conclusão do processo se aproxima, juiz e réu começam a pensar numa estratégia para o dia seguinte. Neste momento, os dois parecem ter concluído que teriam muito mais a perder se apresentando como realmente são do que interpretando um personagem para os cortes de redes sociais.

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