“Não há alternativa.” Fernando Haddad talvez nunca tenha repetido essas três palavras tantas vezes quanto na reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, na noite desta quarta-feira (28/5) em Brasília. Ele disse aos chefes do Congresso que o governo já está operando no limite do caixa.
O ministro da Fazenda foi claro sobre uma eventual decisão legislativa para revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, mais conhecido como IOF: “Expliquei as consequências disso. Ficaríamos em patamar bastante delicado em relação ao funcionamento da máquina pública.”
Sem aumento da tributação, no caso o IOF, dificilmente Lula conseguiria fechar as contas neste ano. Nem teria dinheiro para financiar a expansão dos gastos públicos em 2026, ano de eleições presidenciais e legislativas.
Se não há alternativa, aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, resta negociar espaço no calendário com ansiosos líderes de bancadas — à noite, contavam-se duas dezenas de propostas para derrubar o aumento do IOF nas sessões legislativas programadas para hoje.
Motta, Alcolumbre e Haddad combinaram não avançar no veto do Congresso ao aumento do IOF pelo menos até meados de junho, tempo que o governo usaria para estudar opções emergenciais de elevar a arrecadação e garantir a normalidade do fluxo de pagamentos federais neste e no próximo ano eleitoral.
A ausência de alternativas está obrigando governo e Congresso a pesquisarem saídas novas para um problema antigo. O dinheiro acabou, os gastos continuam crescendo, mas finge-se que as contas estão equilibradas.