A atriz Alice Carvalho descreve sua personagem em O Agente Secreto como “firme e elegante”. Ela interpreta a professora universitária Fátima, companheira do personagem de Wagner Moura no longa premiado no Festival de Cannes.
Em entrevista ao Estadão neste domingo, 25, o dia seguinte aos prêmios, Alice destaca a importância do reconhecimento para o setor audiovisual nacional como um todo. Mas, nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, ela diz que as quatro vitórias do longa de Kleber Mendonça Filho “sublinham a potência de um projeto essencialmente feito por realizadores nordestinos”.

Integrante do elenco do premiado ‘O Agente Secreto’, de Kleber Mendonça Filho, a atriz Alice Carvalho em Cannes Foto: Natacha Pisarenko/AP
“Ontem, depois dos prêmios, fiquei pensando muito no que isso pode impactar jovens realizadores, gente que está começando agora, cheia de vontade e pouca oportunidade: é no sonho. O sonho de viver disso, o sonho de contar boas histórias — independentemente de onde você venha. Tudo isso, ontem, ganhou mais vida”, avalia.
Alice ainda pondera que os troféus reforçam a luta por mais políticas públicas e fomentos ao demonstrar a “representação positiva na história de cineastas e artistas que vêm de onde a gente vem”.
Consagrado como melhor diretor no Festival de Cannes deste ano, Kleber Mendonça Filho tem, como uma de suas principais características, na opinião da atriz potiguar, a escuta durante as cenas. “Ele sabe bem o que quer e, ao mesmo tempo, contribui para um ambiente experimental e de criação no set que é muito delicioso. Ele é objetivo e aberto — e extremamente atencioso com as atuações.”

‘O Agente Secreto’ é um thriller ambientado no Brasil de 1977. Na trama, Marcelo (Wagner Moura) é um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz. Foto: Victor Jucá/Divulgação
Para ela, o sucesso de O Agente Secreto, que fez o filme ser aplaudido por 13 minutos em Cannes, vem do enredo do filme e da dedicação da equipe. “Sempre acreditei que uma história bem contada gera paixão em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma. É uma obra com estética refinada e sem pretensão nenhuma de ser, feita apaixonadamente. Isso transborda os frames”.