O ex-presidente Jair Bolsonaro será interrogado pela Polícia Federal nos próximos dias por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF sob os pretextos de que ele é responsável pela manutenção financeira de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e de que estaria sendo beneficiado pela movimentação do filho junto a políticos americanos.
O caso foi parar na justiça brasileira a partir de uma representação do deputado petista Lindbergh Farias junto à Procuradoria-Geral da República. Com base nela, Paulo Gonet, chefe da PGR, pediu ao STF a abertura de um inquérito para investigar Eduardo Bolsonaro. A relatoria foi entregue a Alexandre de Moraes, que deu aval imediatamente ao início da ação e determinou que Jair Bolsonaro seja interrogado.
A depender do desenrolar da oitiva marcada para a próxima quinta, 5, aliados de Bolsonaro temem que ele seja alvo de medidas duras. Segundo o entorno do capitão, no pior cenário, Moraes pode decretar o bloqueio de contas bancárias do ex-presidente, sob argumento de que isso seria necessário para estancar o financiamento da campanha do filho nos Estados Unidos contra a justiça brasileira.
A edição de VEJA que está nas bancas traz uma entrevista exclusiva com Eduardo Bolsonaro, diretamente de Dallas, nos Estados Unidos, onde o parlamentar licenciado tem vivido os últimos meses. Eduardo critica Moraes por ter aberto o inquérito para investigar a sua conduta nos Estados Unidos, onde faz articulações políticas junto ao governo Donald Trump e a representantes do Partido Republicano para obter punições a autoridades brasileiras, em especial ao ministro do Supremo. “Não tem nada de ilegal na minha atividade aqui”, diz.
Eduardo acredita que há “99% de chance” de o ministro do STF receber algum tipo de sanção do governo americano em razão de decisões tomadas contra bolsonaristas nos processos sob sua condução, em especial o cerceamento de atividades nas redes sociais. Na última quarta-feira, 28, tomou forma um ato nessa direção: o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou uma nova política de visto que tem como alvo estrangeiros que censuram americanos, mas sem citar Moraes. Há alguns dias, no entanto, Rubio havia dito durante audiência na Câmara americana que o ministro poderia ser alvo de sanções.