Há uma proposta de reforma feita pelo governo Jair Bolsonaro, mas ela é muito ruim. Para se ter uma ideia, na primeira versão previa substituir seis mil funcionários indicados politicamente para cem mil. Isso não é a solução e o governo vem trabalhando em uma proposta alternativa.
O setor público passa por mudanças com a digitalização, a implementação de inteligência artificial. Isso significa que algumas funções hoje feitas por servidores passarão a ser automatizadas. Mas como reforçou Gustavo Fernandes, professor de Administração Pública da FGV, na reportagem publicada hoje no GLOBO, os serviços públicos têm setores intensivos em mão de obra e isso não vai mudar. Professores, médicos, profissionais de segurança pública, pessoal de monitoramento ambiental, assistentes sociais, profissionais que não podem ser substituídos por algoritmos. Portanto, a ideia de que a digitalização vai resolver tudo não é verdade, o serviço público precisa de muita gente.
Seja como for, a reforma significará aposentadoria mais tardia, com menos vantagens do que o setor público apresenta hoje em relação ao privado. Algumas reformas já foram feitas, mas não foram suficientes, pois alcançaram apenas alguns grupos de servidores. E ainda será preciso rever funções, pensar novas formas de avaliação do trabalho, que, aliás, já vêm sendo implementadas. O fato é que há muito trabalho pela frente, e será preciso olhar cuidadosamente os números e as necessidades do serviço público para promover uma reforma que melhora a eficiência e reconheça o valor do servidor.