As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul já causaram danos em pelo menos 23 municípios, segundo levantamento da Defesa Civil estadual. Há registro de alagamentos, desabrigados, bloqueios de estradas e até desaparecidos.
Quase um metro de água em ruas centrais de Mata após chuva extrema | ALVARO TASCHETTO
Em Jaguari, na Região Central, a situação é uma das mais críticas. O rio que corta o município atingiu 11,7 metros na manhã desta terça-feira (17), 2,4 metros acima da cota de estabilidade. Mais de 500 pessoas foram afetadas e 60 famílias estão em abrigos.
A prefeitura de Jaguari montou pontos de acolhimento no CTG, Salão Paroquial, antiga escola Antonieta e Centro Comunitário do bairro Consolata. Há também um esforço para arrecadação de alimentos, roupas de cama e produtos de higiene.
O prefeito Igor Tambara classificou o episódio como uma das piores enchentes da história local. Equipes da Defesa Civil e servidores municipais atuam desde a madrugada no apoio à população, monitoramento de áreas críticas e distribuição de lonas.
A vice-prefeita Elenice Tottem destacou que bairros como Sagrado Coração de Jesus, Mauá, Rivera e Consolata estão entre os mais atingidos. Parte da ponte que dá acesso ao terceiro distrito caiu com a força da água.
Outros municípios da Região Central também enfrentam problemas. Em Santa Maria, foram registrados 36 alagamentos, um colapso estrutural, quedas de árvore e danos em 34 residências. Nove pessoas estão desabrigadas e outras 178 foram afetadas.
Em Mata, houve alagamento de ruas e casas. São Pedro do Sul, Itaara e o distrito Passo do Verde, em Santa Maria, tiveram balneários inundados. Seis Unidades Básicas de Saúde de Santa Maria estão fechadas ou operando parcialmente.
Em Sobradinho, o Rio Carijinho transbordou, forçando a retirada de famílias de áreas de risco e a suspensão das aulas. Segredo também teve suspensão de aulas por conta do transbordamento de arroios e água sobre pontes.
Venâncio Aires suspendeu as aulas em nove escolas municipais devido ao risco de alagamentos. A prefeitura orienta a população a não se expor a situações de perigo e continua monitorando o nível dos rios locais.
Em Santa Cruz do Sul, a Defesa Civil colocou lonas em três casas e acompanha a elevação do Rio Pardinho, que chegou a 7 metros. Um dique de contenção construído recentemente ajudou a evitar o transbordamento até o momento.
Outras cidades enfrentam bloqueios de estradas. Em Paraíso do Sul, a ERS-287 está totalmente bloqueada. Em Novo Cabrais, a RSC-287 foi interrompida na altura do km 167 devido a uma enxurrada e à queda de uma árvore.
Passa Sete relatou danos em pontes e aterros. Em Restinga Seca, quatro escolas municipais tiveram atividades suspensas por precaução. Em Agudo, duas escolas pararam devido às chuvas.
Em São Sepé, as aulas foram mantidas, mas o transporte escolar foi suspenso. Já em Cotiporã, um deslizamento de terra bloqueou parcialmente a estrada que liga o município a Dois Lajeados, na terceira ocorrência similar neste mês.
Em Candelária, um casal está desaparecido após o carro onde estavam ser arrastado pela correnteza ao tentar atravessar o arroio Minhoquinha. Bombeiros Voluntários coordenam as buscas, que estão prejudicadas pelo nível alto da água.
Em Arvorezinha, duas pessoas precisaram deixar suas casas por risco geológico. Em Cachoeira do Sul, sete pessoas estão desalojadas e 13 desabrigadas. Ibirapuitã e Jaguari registraram alagamentos em ruas e residências.
Em Espumoso, houve danos em telhados, alagamento de escolas, obstrução de bueiros e estradas cobertas por água. Alegrete também relatou prejuízos em residências devido à chuva intensa.
Colinas enfrenta falta de energia elétrica em parte do município. Equipes da concessionária trabalham para restabelecer o fornecimento. Em Encruzilhada do Sul, 15 casas ficaram inundadas, com 30 desalojados e 150 afetados.
Nova Hartz registrou a queda de árvore, poste e fiação elétrica sobre uma residência. Uma lona foi fornecida para proteção emergencial. Em Gentil, houve dano no telhado de uma casa, com atendimento imediato pela Defesa Civil.
Amaral Ferrador reportou erosão em bordas de estrada e na cabeceira de uma ponte. Vale do Sol interditou a ponte de Linha Bernardino devido ao risco de colapso estrutural com a força das águas.
Municípios como São Martinho da Serra, Vila Nova do Sul, Ibarama, Nova Palma e Dilermando de Aguiar também suspenderam as aulas municipais por segurança, totalizando pelo menos 13 cidades com interrupção escolar.
Próximas horas
O tempo segue instável no Rio Grande do Sul, especialmente do Centro para o Norte do estado. Nas próximas horas, conforme o nosso prognóstico, ainda chove na maioria das regiões gaúchas. Os volumes devem ser consideravelmente menores que os da madrugada e manhã de hoje, entretanto pontos isolados ainda podem ter pancadas isoladas por vezes fortes a torrenciais com risco de temporais isolados pela atuação de ar quente na Metade Norte.
Situação vai se agravar com chuva forte amanhã
Vem mais chuva e não será pouca. Até sexta-feira o Rio Grande do Sul seguirá sob instabilidade com período de chuva forte. Esta quarta-feira, sobretudo, pode ter novamente volumes muito altos no estado.
Amanhã, a chuva atinge quase todo o Rio Grande do Sul, exceção de pontos mais ao Norte do estado, à medida que a frente passa a semi-estacionária sobre o estado. É alto o risco de chuva localmente forte e os acumulados de chuva podem ficar entre 50 mm e 100 mm em diferentes cidades, especialmente do Oeste e da faixa central do estado. Em alguns pontos, a chuva pode somar de 100 mm a 150 mm.
Na quinta, o tempo segue instável. Os dados indicam que a chuva tende a se concentrar na faixa central do estado e na Metade Norte gaúcha no decorrer do dia enquanto na Metade Sul não choveria na maioria das localidades com predomínio de tempo firme. Chuva moderada a localmente forte é prevista em setores da Metade Norte.
Na sexta-feira, uma área de baixa pressão manteria a chuva em parte do Rio Grande do Sul com maior instabilidade em pontos do Centro, Leste e o Nordeste do estado, onde os volumes de chuva seriam mais altos e com vento. Na sequência, com o afastamento da baixa pressão e o avanço de ar mais frio e seco, o tempo firmaria durante o sábado no território gaúcho.
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