O ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhou o interrogatório do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, de forma séria e com reações contidas. Durante a maior parte do interrogatório, Bolsonaro ficou inclinado para trás, de braços cruzados, acompanhando as falas de seu ex-auxiliares. Algumas vezes, se inclinou para frente, colocou os óculos e fez anotações em um papel. Em um momento, bocejou enquanto Cid falava.
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Cid fechou um acordo de delação premiada que ajudou a implicar Bolsonaro na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. O Supremo Tribunal Federal (STF) começou nesta segunda a interrogar os oito réus da ação penal desse caso, e o tenente-coronel foi o primeiro a falar justamente por ter realizado a colaboração.
O maior momento de descontração de Bolsonaro foi quando o ministro Alexandre de Moraes fez uma piada sobre a suposta decisão de manter apenas a prisão dele em uma minuta golpista. De acordo com Cid, o ex-presidente determinou a retirada de outros nomes, que incluiriam autoridades do STF e do Legislativo. Moraes ironizou, dizendo que os outros “ganharam um habeas corpus”, arrancando risos de Bolsonaro e outros presentes.

Bolsonaro boceja em depoimento de Cid
O ex-presidente fez poucos comentários com seu advogado, Celso Vilardi, que sentou ao seu lado. Uma das interações ocorreu quando Alexandre de Moraes questionou Cid sobre se houve uma ordem de Bolsonaro para monitorá-lo. Em outro momento, um auxiliar de Vilardi entregou a ele anotações em um papel e Vilardi mostrou ao ex-presidente.
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Bolsonaro também aceitou, em pelo menos dois momentos, café que foi oferecido por um garçom do STF a todos os réus. Em março, durante o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente recusou um copo d’água e bebeu apenas de uma garrafa lacrada.
Ele já demonstrou medo de ser envenenado.
O ex-presidente foi ao STF com um broche que representa a “Medalha do Pacificador com Palma”, uma honraria que ele recebeu do Comando do Exército logo após ter sido eleito, em dezembro de 2018.
A honraria é dada a militares ou civis que, “no exercício de suas funções ou no cumprimento de missões de caráter militar, tenham se distinguido por atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, com risco de vida”.
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A medalha foi entregue a Bolsonaro por ele ter impedido que um soldado se afogasse durante um exercício militar, em 1978, quando o ex-mandatário ainda era militar da ativa. Na época em que recebeu a medalha, o ex-presidente estava sendo acusado de racismo por ter dito que “quilombola não servia nem para procriar”. O soldado resgatado por Bolsonaro é negro.
— (Essa é a ) medalha do pacificador com Palma. É quando você arrisca a sua vida para salvar alguém. Tirei o Celso Negão para fora da água. Essa medalha. Se eu fosse racista eu não teria ganhado essa medalha. Isso aqui é honra — disse Bolsonaro durante o intervalo da sessão.
Bolsonaro já havia utilizado o mesmo broche na sessão em que o tornou o réu no STF e quando discursou na COP do Clima, em 2021.
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