Primeiro réu a depor na maratona de interrogatórios da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid bateu continência para o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
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O cumprimento militar costuma ser feito para superiores hierárquicos — e, no caso de Cid, tanto Paulo Sérgio quanto Heleno são generais, e estão acima do posto ocupado por ele. A continência foi prestada antes que os interrogatórios começassem.
Cid é o primeiro a falar pelo fato de ser colaborador premiado. Além dos generais, o tenente-coronel cumprimentou o ex-presidente Jair Bolsonaro também antes de os interrogatórios começarem, com um aperto de mãos.
Já o ex-ministro da Justiça Anderson Torres recebeu um tapinha nas costas do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A delação do antigo ajudante de ordens de Bolsonaro — que trabalhou com o ex-presidente desde o início de seu mandato, em 2019— foi uma das peças-chave da investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022.
Em um dos momentos mais descontraídos da tarde, Bolsonaro chegou a rir de uma fala feita pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal e responsável por conduzir o interrogatório.
O ministro perguntou ao tenente-coronel sobre a existência de uma minuta que previa a prisão de ministros da Corte e Cid, ao descrever a atuação de Bolsonaro, disse que o ex-presidente “enxugou o documento”, que reduziu as possibilidades de detenção dos magistrados.
Bolsonaro, Cid e outros réus depõem no STF sobre trama golpista
Depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes
Neste momento, Cid afirmou que apenas o nome de Moraes se manteve como sendo um dos alvos de prisão e o ministro do STF respondeu, brincando, que os colegas “ganharam um habeas corpus”. Os presentes na sala de audiências riram, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.