A fase dos interrogatórios do “núcleo crucial” da suposta trama golpista, a partir de amanhã à tarde, irá colocar pela primeira vez os oito réus — entre eles Jair Bolsonaro — frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) da ação penal. O ex-presidente, que vem convocando apoiadores a acompanhar a sessão, que será transmitida, disse na sexta-feira que não irá “lacrar” em seu depoimento à Corte.
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Os interrogatórios foram marcados por Moraes para começar amanhã e devem seguir até a próxima sexta-feira. O primeiro será o do tenente-coronel Mauro Cid pelo fato de ele ser colaborador da Justiça. Isso ocorre porque, na ação penal, as defesas devem ter a oportunidade de se defender de todas as acusações.
Além dele, todos os demais réus e seus advogados estarão ao mesmo tempo na sala de audiências da Primeira Turma do STF, onde os julgamentos da ação penal que apura a tentativa de um golpe de Estado após as eleições vêm ocorrendo.
Após Mauro Cid, os réus serão ouvidos em ordem alfabética. Falarão Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos eles deverão comparecer de forma presencial ao STF, com a exceção de Braga Netto, que está preso desde dezembro.
O interrogatório dele será feito por videoconferência, mas de forma simultânea com os demais.
‘Vale a pena assistir’
Durante um evento do PL Mulher na sexta-feira, em Brasília, Bolsonaro disse que “vale a pena assistir” seu depoimento na próxima semana, quando se defenderá da acusação de liderar uma trama golpista para se manter no poder.
— Não vou lá para lacrar, para querer crescer, para querer desafiar quem quer que seja. Estarei lá com a verdade ao nosso lado. Não fugimos de qualquer chamamento, sabemos o que falar e temos uma coisa ao nosso lado, que o outro lado não tem. Temos a verdade do nosso lado — disse o ex-presidente.
Bolsonaro e Moraes já estiveram na mesma sala durante o julgamento da denúncia, em 25 de março, mas não interagiram. No interrogatório o contato direto entre eles será obrigatório, uma vez que Moraes é quem conduzirá as perguntas aos réus.
O ministro separou sessões entre os dias 9 e 13 para que os réus sejam ouvidos. Eles têm o direito de permanecer em silêncio, já que nenhum acusado é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
O anúncio das datas foi feito por Moraes no fim das audiências com as testemunhas na ação. Nas últimas duas semanas, 52 pessoas foram ouvidas, indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas.