A pesquisa Genial/Quaest que destrinchou os índices de aprovação do governo e o potencial eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus possíveis rivais na disputa de 2026 também traz um elemento de preocupação para o petista: a percepção da população sobre sua aptidão para o cargo. Segundo o levantamento, quase dois terços dos brasileiros dizem se preocupar se Lula, que completará 80 anos em outubro, tem saúde para exercer a presidência.
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Ao todo, 66% dos entrevistados responderam que o tema é um motivo de apreensão. Outros 29% alegaram não se preocupar, enquanto 5% não souberam dizer ou não responderam. O levantamento da Genial/Quaest entrevistou pessoalmente 2.004 eleitores a partir de 16 anos entre 29 de maio e 1º de junho.
O recorte da pesquisa obtido com exclusividade pela equipe da coluna mostra ainda que esse patamar se repete na maior parte dos estratos e não varia significativamente nem conforme a idade, o gênero, escolaridade ou renda — o que sugere que se trata de uma inquietação disseminada. O tema preocupa 69% dos que aprovam o governo Lula e 65% daqueles que reprovam sua gestão.
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Entre os que mais demonstraram estar atentos à saúde de Lula estão os que disseram ter votado no petista em 2022 (71%), índice próximo dos que afirmaram ter votado em Jair Bolsonaro (67%). No entanto, apenas 58% dos que informaram ter votado nulo ou não ter comparecido às urnas manifestaram o mesmo sentimento.
O governo Lula em imagens
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Com a ausência do antecessor, Lula subiu a rampa e recebeu a faixa das mãos do povo — Foto: Hermes de Paula/Agencia O Globo
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Lula se emocionou ao discursar contra a fome, que prometeu erradicar novamente — Foto: Evaristo Sa/AFP
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Presidente Lula, a primeira-dama Janja, em cerimônia de posse de Anielle Franco e Sônia Guajajara como ministras — Foto: Sergio Lima / AFP
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De volta ao mundo. Presidente Lula recebe o chanceler alemão Olaf Scholz no primeiro mês de governo — Foto: Cristiano Mariz/O Globo
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No dia seguinte à tentativa frustrada de golpe de estado, Lula desce rampa do Palácio do Planalto com governadores e representantes dos Três Poderes — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/09-01-2023
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Lula acompanha a situação dos Yanomami, povo que vive grave crise sanitária. — Foto: Ricardo Stuckert
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Lula, segundo à esquerda, entrega habitações do Minha Casa, Minha Vida na Bahia com o ministro das Cidades, Jader Filho (à direita da placa): disputa no MDB gera impasse em secretaria — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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Boa vizinhança. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, recebe Lula na Casa Rosada — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
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Lula aproveitou visita ao Uruguai para se encontrar com o ex-presidente Pepe Mujica — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
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Biden recebeu Lula e a primeira-dama Janja na Casa Branca na sexta-feira — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
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A preocupação com a idade do presidente também é alta entre católicos (70%), evangélicos (63%), eleitores que disseram se considerar “mais à esquerda”, mas não lulistas (70%) e bolsonaristas (62%). Foi também neste último recorte que houve o maior percentual daqueles que disseram não se preocupar com a saúde do presidente (36%).
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Em outubro do ano passado, Lula chegou a ser hospitalizado após sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada e levou cinco pontos na parte de trás da cabeça.
Quase dois meses depois, o presidente foi levado às pressas de Brasília para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo após sentir uma forte dor de cabeça. Na ocasião, foi constatado um hematoma subdural decorrente do tombo e o petista acabou operado em caráter de urgência.
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Na ocasião, tanto a gravidade do quadro do presidente quanto os atropelos na comunicação oficial – como a omissão de um procedimento no cérebro em um boletim médico – levantaram discussões sobre a idade de Lula e a extensão dos danos. O petista passou três semanas em recuperação despachando na residência oficial e, durante um longo período, não pôde realizar viagens aéreas, em especial para o exterior.
Os dados da Genial/Quaest, colhidos um semestre após o episódio, indicam que a saúde – e, portanto, a idade – do presidente tende a ser um elemento importante caso Lula decida concorrer à reeleição em 2026.
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Lula disputaria a eleição às vésperas de completar 81 anos. Em um evento de campanha em 2022, o então presidenciável disse que não concorreria em 2026 por conta da idade.
“Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição. Todo mundo sabe. Se ninguém quer saber, a natureza é implacável”, declarou à época.
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Hoje Lula já admite abertamente a candidatura a um quarto governo. Caso se reeleja e complete o mandato, o presidente deixaria o Palácio do Planalto com 85 anos em janeiro de 2031. Trata-se de um feito com pouquíssimos precedentes no chamado mundo livre, excetuando o caso de monarcas.
Mais recentemente, Mahathir Mohamad se elegeu primeiro-ministro da Malásia em 2018 aos 92 anos. Mohamad, que já havia ocupado o mesmo cargo entre 1981 e 2003, deixou o posto em 2020 aos 94 anos.
Nos Estados Unidos, a idade do então presidente Joe Biden dominou boa parte da pauta eleitoral depois que o democrata anunciou em abril de 2023, aos 80 anos, que disputaria a reeleição. Mesmo a pouco mais de um ano e meio da eleição presidencial, diversas pesquisas de opinião americanas indicavam que uma parcela expressiva dos eleitores de seu partido rejeitavam o pleito por mais um mandato de quatro anos em função da idade avançada.
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O então líder da Casa Branca insistiu na disputa confiante de que o embate contra o divisivo ex-presidente Donald Trump levaria o eleitor a relativizar o tema. No entanto, seu desempenho desastroso em um debate contra Trump em junho de 2024 – amplamente associado à sua idade na mídia dos EUA – levou à sua desistência da reeleição e o apoio à sua vice, Kamala Harris, que acabaria derrotada pelo rival republicano por uma margem apertada.
Lula e Biden, que têm uma diferença de apenas três anos, podem até apresentar uma disparidade na disposição física. Mas, a julgar pelos dados da Genial/Quaest, o presidente brasileiro – que frequentemente afirma ter o desejo de viver até os 120 anos – terá de suar a camisa para convencer o eleitorado de que sua saúde não será um fator de preocupação em seu eventual quarto mandato.