Search
Close this search box.

Morre a arqueóloga Niède Guidon

A arqueóloga Niède Guidon morreu na madrugada desta quarta-feira (4). Segundo o g1, a informação da morte foi confirmada pela diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Marian Rodrigues, que disse que Niède, que tinha 92 anos, “partiu como um passarinho, tranquila”.

  • Leia também: Tati Machado cita ‘ferida acesa’ ao lembrar perda de bebê e ganha apoio de Micheli Machado, Sabrina Sato e outros famosos
  • ‘O rei do pedaço’: ator Jonathan Joss é morto a tiros por vizinho, diz polícia

Niède era conhecida pelo papel de defensora ferrenha da Serra da Capivara, no estado do Piauí. Foi ela que descobriu, lá, na década de 1970, as pinturas rupestres mais importantes dos primeiros seres humanos a habitarem o Brasil e uma das maiores coleções desse tipo de arte no mundo.

Após a descoberta de Niède, a compreensão sobre a presença dos Homo sapiens na América do Sul mudou para sempre. Ela lutou para criar o Parque Nacional da Serra da Capivara, hoje considerado patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Arqueóloga Niède Guidon morreu nesta quarta, aos 92 anos — Foto: Marcia Minillo

Nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, Niède nunca mais havia deixado o Piauí — tamanha a consciência que ela tem sobre a importância histórica do local. E o medo que ele seja destruído.

O parque vem enfrentando grandes problemas de orçamento ao longo dos anos. Além disso, Niède relatava ter sofrido inúmeras ameaças de empresários do Agreste, que insistiam em intimidá-la. Mas ela continuava lá, aos 86 anos de idade, sendo a alma e a guardiã do parque.

“Não temos o número suficiente de funcionários. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável pelo parque nacional, e o Iphan, que cuida dos sítios de arte rupestre, contam com dois ou três agentes. Outros 180 pertencem à Fundação Museu do Homem Americano, mantenedora da unidade. São moradores locais que precisam dividir-se entre atividades como cuidar de postos de vigilância, manter estradas e servir como guias turísticos, além de especialistas que evitam que animais e vazamentos de água destruam as pinturas”, contou Niède ao GLOBO em 2018.

Niéde Guidon recebe o prêmio dos editores Marilia Martins e Mario Toledo — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Niéde Guidon recebe o prêmio dos editores Marilia Martins e Mario Toledo — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Em 2005, Niède ganhou o prêmio Faz Diferença, do GLOBO, na categoria Ciência. Era apenas a segunda edição da premiação. Em cerimônia feita no hotel Copacabana Palace, a arqueóloga recebeu o prêmio das mãos de Marília Martins, então editora da Revista do GLOBO, e de Mário Toledo, editor dos Jornais de Bairro à época.

— É um trabalho importante não apenas pelo lado científico, mas porque numa região de caatinga, seca e miséria, a natureza criou uma das mais belas paisagens. E o homem pré-histórico a decorou. Ali está a maior concentração de pinturas do mundo. E estamos criando um centro universitário de formação de pessoal, pesquisa e turismo para fazer um trabalho auto-sustentável que acabe com a miséria e a ignorância, grandes males do Nordeste — disse a pesquisadora na matéria sobre o prêmio publicada no dia 4 de março de 2005.

Em 2023, Niède Guidon foi uma das figuras homenageadas pelo quadro “Mulheres fantásticas”, do “Fantástico”, da TV Globo. Veja a seguir:

‘Troféu da cultura brasileira’

A antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz usou as redes sociais para lamentar a morte de Niède Guidon, a quem chamou de “uma das mais importantes pesquisadoras da história brasileira”.

“Niéde foi uma das primeiras a defender, com base em evidências arqueológicas, que o povoamento das Américas teria ocorrido há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava na época. Suas descobertas provocaram intensos debates na comunidade científica e colocaram o Brasil em destaque nas discussões sobre a pré-história do continente”, escreveu Schwarcz em publicação no Instagram. “Niède era um troféu da cultura brasileira”, finalizou.

Em nota, a prefeitura de Teresina classificou Guidon como “uma das maiores defensoras da história do Piauí”. Também em comunicado oficial, o governo estadual do Piauí disse que a pesquisadora “transformou milhares de vidas na caatinga” e que “seu legado estará para sempre na memória e no coração dos piauienses”. A prefeitura de São Raimundo Nonato também se pronunciou: “Niède foi pioneira em revelar ao mundo que o território piauiense guarda vestígios dos mais antigos registros da presença humana nas Américas”.

Niède Guidon era ocupante da cadeira de número 24 da Academia Piauiense de Letras. A instituição também a homenageou nas redes. “Foi uma das mais notáveis vozes da arqueologia brasileira e mundial”, afirmou a academia. “De origem franco-brasileira, dedicou-se, desde 1970, à pesquisa científica, à preservação cultural e ao desenvolvimento social na região de São Raimundo Nonato (PI), onde conduziu descobertas que redefiniram o entendimento sobre a presença humana nas Américas”, continuou o comunicado.

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Católicos ainda predominam, mas evangélicos já são quase um quarto da população de MG | Minas Gerais

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Itaguara registra a maior proporção de católicos (76,3%), enquanto…

PF não localiza Eduardo Bolsonaro para notificá-lo sobre abertura de inquérito

PF não localiza Eduardo Bolsonaro para notificá-lo sobre abertura de inquérito Clique aqui para acessar…

Queimadas fazem desmatamento crescer 92% na Amazônia em maio

O desmatamento na Amazônia, em maio de 2025, alcançou 960 km², o que representa uma…