Senadores, eleitos pelo cidadão comum, são reflexo de uma sociedade machista e misógina. O que aconteceu com a ministra Marina Silva foi exatamente isso. Uma “aula” do que não fazer, dada por autoridades. Explica muito do que vemos na vida e no noticiário diariamente. Alguns dirão, e já estão dizendo, que ela provocou reações por ser contra o desenvolvimento do país. É como dizer que uma mulher foi abusada por usar roupa curta ou andar sozinha pela rua durante a noite. Marina não teve defesa do governo do qual faz parte, não teve apoio de muitos. A situação gerou algumas notinhas discretas e nada mais.
Este não deveria ser um tema de mulheres, ou de feministas, como quiserem pensar. Enquanto ouvirmos homens, aos gritos, mandando uma mulher se colocar no seu lugar, seguiremos vendo agressões psicológicas e físicas multiplicadas. Seguiremos vendo homens achando que mandam no que elas pensam, sentem ou dizem. Achando que são donos não só de parceiras, mas também das irmãs, das mães e das colegas de trabalho. Enquanto ser machista em uma reunião, seja fechada em quatro paredes ou transmitida ao vivo para todo o Brasil, seguir sendo coisa de um homem considerado enfático ou contundente, seguiremos vendo o que vimos nessa terça-feira no Senado. Os homens seguirão se achando no direito de dizer o que querem e ainda acusar a mulher de querer levar o assunto para o “sexismo” ou a desigualdade de gênero, como se não fosse, como se a mulher que ousa reclamar fosse maluca. Foi com um embrulho no estômago que assisti às imagens do Senado, infelizmente sabendo que não foi um ponto fora da curva.
Relembre a situação
Após discussão com senadores (veja o vídeo abaixo), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou a Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira. O bate-boca incluiu embates sobre a pavimentação da BR-319 — estrada federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) —, acusação de sexismo e ultimato para pedido de desculpas.
A discussão começou com o senador Omar Aziz (PSD-AM) e Marina falando a respeito da estrada federal que liga Porto Velho a Manaus. Depois, o presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), questionou a educação da ministra e ela disse que “não é mulher submissa”. Em resposta, Marcos Rogério disse para Marina “se pôr no seu lugar”.