DO GÊNESIS AO FIM
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu aos 81 anos nesta sexta-feira (23/05), em Paris. A informação foi confirmada por sua família por meio do Instituto Terra, ONG fundada por ele e pela esposa, Lélia Wanick Salgado. Considerado um dos maiores fotógrafos do mundo, Salgado deixou uma obra marcada pelo olhar humanista e pela sensibilidade social.
Morre o fotógrafo Sebastião Salgado, aos 81 anos
O presidente Lula (PT) lamentou sua morte durante uma cerimônia no Palácio do Planalto e pediu um minuto de silêncio, em luto. “Sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade e o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade”, disse.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal, presidente Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, também manifestaram pesar pela morte de Salgado.
“Eu recebo com imensa tristeza a notícia da morte do Sebastião Salgado. Na verdade, um grande artista. Uma morte precoce, 81 anos hoje em dia é muito cedo. Ele era um dos patrimônios culturais brasileiros, embora estivesse vivendo na França. Há poucas semanas, ele me telefonou por uma questão que o preocupava. Ele é um homem que tinha um olhar voltado para a proteção ambiental, para a proteção das comunidades indígenas, para outras causas importantes da humanidade. É uma imensa perda para a humanidade. E aqui mando um abraço e consolo para toda a família”, lamentou Barroso.
“Enorme perda para o Brasil e para essa humanidade tão precisada de grandes humanidades como o Tião. Sebastião era Salgado apenas no sobrenome: um ser humano a mostrar uma doçura total, mesmo nas denúncias fotografadas das indignidades e feridas do mundo”, comentou Cármen Lúcia.
O STF conta com 18 painéis fotográficos assinados por Sebastião Salgado que integram o projeto Amazônia e que foram doados por ele e pela esposa.
Legado
Sebastião Salgado era economista de formação, mas se voltou para a fotografia nos anos 1970, após um exílio político durante a ditadura militar. Ao longo da carreira, registrou temas como trabalho, migração, guerras e questões climáticas, percorrendo mais de 120 países.
As imagens em preto e branco são uma marca registrada de Salgado. Para ele, as cores são uma distração do assunto para o qual ele queria chamar atenção em suas fotografias: a dignidade das pessoas retratadas.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os garimpeiros da Serra Pelada, no Pará, trabalhadores em condições extremas, povos indígenas da Amazônia e paisagens como o deserto do Saara e a Antártida.