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Lady Gaga canta pra valer e faz história de verdade em clima de carnaval, parada gay e réveillon

Em noite fresca e enluarada em Copacabana, um público sem vocação para coadjuvante, calculado em cerca de 2,1 milhão de pessoas pela prefeitura, tornou histórico o megaespetáculo comandado por Lady Gaga neste sábado, 3 de maio, no Rio de Janeiro. Do alto de seu 1,55m, a popstar americana contou com uma estrutura grandiosa de cenários e iluminação, mais de vinte bailarinos coreografados pela neozelandesa Parris Goebel e, importante, excelentes músicos (lamentavelmente pouquíssimo citados pela mídia) tocando ao vivo (ocasionalmente em mixagem com bases pré-gravadas), sob a direção competente de Juan Manuel Najira, codinome  artístico Natural. Havia até o luxo de uma seção de cordas com dez instrumentistas.

Lady Gaga durante show em Copacabana, no Rio de Janeiro, em 2025 Foto: Daniel Ramalho/AFP

Derramadíssima em suas declarações de amor ao país e aos fãs brasileiros, Gaga não demorou a dar crédito às estrelas da plateia que potencializam o espetáculo: “Esta noite estamos fazendo história. Mas ninguém faz história sozinho. Sem vocês, o público maravilhoso do Brasil, eu não teria este momento, obrigada por fazerem história comigo. O povo do Brasil é a razão pela qual eu posso brilhar. Vocês estão lindos como a lua surgindo sobre o oceano, bem aqui na praia de Copacabana”. Ela também prometeu dar tudo de si e chegou a chorar, ofegante: “Brasil, estou pronta! Quero que o mundo veja quão grande é o abraço de vocês”.

Mais tarde, ao longo do show, ela superavaliou o público em 2,5 milhões de pessoas, e mostrou que é do tipo que “pega intimidade fácil”: “Da última vez, ficamos amigos. Agora somos família”. Terminou a apresentação (iniciada às 22h10) após duas horas, no proscênio, cercada pelos bailarinos, assistindo aos fogos de artifício; puxou Bad Romance a capella, estendendo o êxtase do público com a música de encerramento, e finalizou: “I love you, Brazil!” (“Eu te amo, Brasil!”).

Como postulante ao trono de maior estrela pop do século 21, ela arquitetou Mayhem como um espetáculo capaz de superar a performance histórica de Beyoncé no festival Coachella de 2018. A versão copacabanense Mayhem on the Beach, por sua vez, tinha a missão de ser mais impressionante que a apresentação de Madonna no ano passado, no Rio. E conseguiu, graças aos mais de 2 milhões de foliões, em clima mix de carnaval, parada LGBT e réveillon (os fogos de artifício soaram familiares); quase todo mundo em Copa parecia ter incorporado o verso clássico do poeta russo Vladimir Maiakóvski (depois cantado por Caetano Veloso): “Gente é para brilhar”. 

Prefeitura e a Polícia Militar estimam um público de 2,1 milhões de pessoas nas areias da praia de Copacabana Foto: Alexandre Macieira/ Riotur

O “mayhem” – caos, tumulto, em inglês – ficou somente no título do show. A plateia pancarioca (pessoas de todo o país, investidas da “skin” do Rio de Janeiro) e pangênero de “little monsters” coloriu a orla com uma descomunal energia, corpos e figurinos fora dos velhos padrões, e leques vigorosamente tremelicados. Jovens e não tão jovens discípulos da Mother Monster acompanharam os cinco atos da extravaganza pop gótica fazendo muito mais do que parte do show: cada um dos espectadores em Gagacabana era um espetáculo em si.

Stefani Germanotta, nome de batismo de Lady Gaga, se portou como rainha desse povo. Cantou ao vivo mesmo — com a ajuda de alguns trechos pré-gravados — e com direito a derrapagens em Blade of Grass, o que mostra positivamente que a voz ouvida ali era pra valer. Não demorou a interagir com um dos músicos, o guitarrista Tim Stewart, durante Garden of Eden, e empunhou ela mesmo uma respeitável guitarra Suhr T.  Na banda, misturando elementos de som industrial às receitas pop variadas, se destacaram o baixista Eric Ingram e o jovem baterista Tosh Peterson. Foi ele quem protagonizou o momento mais inesperadamente show de rock da noite, ao estrelar um explosivo solo no fim do primeiro ato.

Lady Gaga começou a setlist do show em Copacabana, no Rio, com ‘Bloody Mary’, ‘Abracadabra’ e ‘Judas’ Foto: Reprodução/Globoplay

O espetáculo tem cinco atos e se autodefine como “A arte do caos pessoal”. Difícil fazer sentido racional de todo aquele mar de informações condensadas por Gaga e a coreógrafa Parris Goebel. Começa com a cantora lendo um pouco compreensível “Manifesto do Caos” (tudo bem, caos é caos mesmo), antes de atirar no impacto visual de Bloody Mary, do alto de um vestido vermelho gigante que se abria, revelando uma gaiola com dançarinos. Dali para Abracabra e Judas! (quando revelou outra homenagem ao Brasil, um vestido verde, com faixa azul de borda amarela). O Ato 1, Of Velvet and Vice (De veludo e vício) teve também Gaga morena e de corselete, sensualizando em cima de uma mesa em Scheiße e terminou em climão lésbico que valeu um corinho bem carioca de “Gojtosa! Gojtosa!” e conduziu ao hit Poker Face, dançado em um grande tabuleiro de xadrez.

Lady Gaga em seu show em Copacabana, no Rio de Janeiro Foto: Pablo Porciuncula/AFP

O segundo ato, And She Fell Into a Gothic Dream (E ela caiu em sonho gótico), começou com Perfect Celebrity, Gaga semienterrada na areia ao lado de um esqueleto. Depois, em Disease, outras caveiras se levantaram na caixa e contracenaram com ela. Em Paparazzi, vestiram uma armadura na cantora, que se levantou e saiu andando com muletas. Vigiada por um enorme planeta Terra, ela subiu em uma estrutura e foi reverenciada por dançarinas com vestes semelhantes a de virgens vestais romanas. Depois, reapareceu em um balcão que lembrou Madonna na fase Evita, mas com a bandeira do Brasil estendida (na Cidade do México, foi a do México). Era a deixa para tocar seu clássico hit Alejandro, que guarda semelhanças melódicas com uma rapsódia “húngara” do italiano Vittorio Monti e já foi acusada de ser um “rip off” do Ace of Base.

A crítica do tradicional jornal americano Variety, referência na indústria do entretenimento americano, brincou com o inexplicável do enredo do show de Gaga. O jornal Los Angeles Times a qualificou, postivamente como kook, “excêntrica, maluquete. Gaga não vem para explicar, mas para emocionar os fãs, não importa se seus devaneios sejam derivativos, escancaradamente remetendo a Madonna, Michael Jackson, Prince, David Bowie e outros gigantes do pop.

Lady Gaga em show em Copacabana, no Rio de Janeiro Foto: Daniel Ramalho/AFP

No Ato III: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name (O belo pesadelo que conhece o nome dela) Gaga foi múltipla. Partiu do impacto percussivo de Killah e um funk zumbi-eletro, Zombieboy, antes de aliviar com o hit Die With A Smile (mais curtinho sem a parte Bruno Mars) e a tayloriana (swift) How bad do you want me, quando os dançarinos apareceram com camisas da seleção brasileira (gozadores cariocas cravaram como o “momento patriotas” do show).

O quarto ato, To Wake Her is To Lose Her (Acordá-la é perdê-la), desembrulhou tudo para o arremate final, oferecendo aos fãs catarse com o hino Born This Way, antes do remanso das baladas Blade of Grass e Shallow e o final “vou pra galera” com Vanish Into You.

No quinto ato, o finale da ópera pop, Eternal Aria of the Monster Heart (Ária eterna do coração monstro), a Princesinha do Mar foi sacudida com uma versão apoteótica de Bad Romance — para oficializar nos anais da história o apelido “Copagabana”. Vestido de alegria durante toda a semana pela invasão dos turistas little monsters,  o Rio de Janeiro agora tem um carnaval diferentão (de diversidade) estabelecido em seu calendário. Isso é histórico pra valer.

Além das homenagens aos fãs brasileiros, Gaga fez um aceno especial às pessoas queer logo antes da canção Born this Way, que se tornou um hino para a comunidade LGBTQIA+. “Só quero falar do meu amor pela comunidade LGBTQIA+ aqui no Brasil. Obrigada”, disse.

Pela emoção com o show e o fascínio, pareceu que os perrengues passados pelo público para chegar até a praia e conseguir uma boa visão do palco valeram a pena. Cerca de três horas antes da apresentação, a estação de metrô Cardeal Arcoverde, a mais próxima ao palco, ficou lotada. O fluxo de fãs era tão intenso que os corredores ficaram congestionados, dificultando a circulação. Enquanto tentavam sair, os passageiros faziam uma sinfonia de leques.

Show de Lady Gaga na noite desse sábado, na praia de Copacabana zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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