Após o enterro do papa Francisco no último sábado (26), cresce a expectativa para o início do conclave que, normalmente, ocorre entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice. Ou seja, ele iniciaria entre os dias 5 e 10 de maio.
O local usado para essa votação é a Capela Sistina, a obra máxima do artista Michelangelo, que pintou todo o afresco a pedido do papa Júlio II entre 1508 e 1512. O local é, normalmente, visitado dentro dos Museus do Vaticano, porém ele agora está fechado desde essa segunda (28) justamente para os preparativos ao conclave.
A capela, na realidade, foi construída alguns anos antes, entre 1477 e 1480. Alguns anos depois, em 1492, foi usada pela primeira vez para um conclave papal por ser uma novidade. Contudo, não tinha nenhuma pintura e era bem diferente de como conhecemos atualmente.
O que tem na Capela Sistina e qual seu simbolismo para o conclave?
Parte do afresco ‘Juízo Final’ na Capela Sistina. — Foto: Divulgação
Michelangelo pintou a Capela Sistina com diversas representações religiosas. A obra mais famosa está no teto, em que o artista fez um afresco retratando diversas passagens bíblicas e cenas descritas no Livro do Gênsis.
A mais icônica de todas se trata de ‘A Criação de Adão’, que representa Deus dando vida ao primeiro homem na Terra.
Pintura ‘A Criação de Adão’ na Capela Sistina. — Foto: Reprodução
Desde 1878 todos os conclaves são realizados no local. E muito dessa escolha tem relação com outra pintura icônica que fica em um destaque maior na parede final da Capela: ‘O Juízo Final’. Essa foi feita depois, entre 1536 e 1541, a pedido do papa Clemente VII.
Ela retrata a Parúsia, evento que, segundo o cristianismo, representaria o momento em que Cristo desce dos céus pela segunda vez para cumprir a promessa de retornar à Terra e julgar os vivos e mortos.
Com 13 metros de altura, a imponência da arte é justamente o pano de fundo onde os cardeais escrevem o nome do papa que querem eleger. Tudo acontece diretamente nesse espaço. A decisão de seguir o conclave na Capela Sistina se conecta com isso por esse ser um fundo inspirador e santificado, em que os cardeais refletem observando as pinturas.
Afresco ‘O Juízo Final’, de Michelangelo. — Foto: Reprodução
Como acontece a votação?
Um cardeal precisa receber dois terços dos votos para ser eleito. As indicações, secretas, são queimadas após a contagem.
Até quatro votações podem ser feitas por dia, sendo duas pela manhã e outras duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja ainda não tiver o novo Papa, começa uma pausa de 24 horas para orações. Outra, por igual período, também pode ser convocada se houver mais sete votações sem um eleito.
Já quando a indicação do novo pontífice é fechada, a Igreja, então, questiona formalmente se ele aceita o cargo. Se o religioso aceitar, deve escolher um novo nome. Na sequência, é levado para o ambiente chamado de ‘Sala das Lágrimas’, no qual traja as vestes papais.
No final do processo, o novo Bispo de Roma é anunciado aos fiéis na Praça de São Pedro e apresentado na sacada da Basílica. É de lá que é proclamada a frase: ‘Habemus Papam’.
O que é a ‘Sé Vacante’?
Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica passa pelo período chamado de ‘Sé vacante’, fase em que fica sem um líder e quando o clero se reúne para a escolha do novo pontífice. A expressão Sé Vacante vem do latim e significa ‘Trono Vazio’. Neste período, o governo da Igreja Católica fica a cargo do carmelongo, que administra os bens e o Tesouro do Vaticano.
O ocupante do posto também tem a responsabilidade de organizar o Conclave, a eleição para escolha do substituto, que, pelas normas católicas, precisa começar em até 20 dias após a morte do Papa.
O nome da votação também tem origem no latim e quer dizer “fechado à chave”. Durante os dias do conclave, cardeais elegíveis do mundo todo ficam fechados no Vaticano, em um juramento de segredo absoluto sobre o procedimento.
No momento, o carmelongo é o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.
Durante seu governo, é o Colégio dos Cardeais que precisa discutir os assuntos mais urgentes da Igreja Católica.
O grupo não pode fazer mudanças profundas na Igreja ao longo da Sé Vacante, como alterar as leis determinadas pelos papas, por exemplo. Mas, tem como uma das primeiras determinações estabelecer o dia, a hora e o modo como o corpo do pontífice será levado à Basílica de São Pedro para ser exposto aos fiéis.